Dados do Trabalho


Título

ARTRITE GONOCOCICA: UM DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DAS ARTRITES NO PRONTO ATENDIMENTO: RELATO DE CASO

Fundamentação teórica/Introdução

A artrite gonocócica ou infecção gonocócica disseminada (IGD) ocorre pela propagação hematogênica do Neisseria gonorrhoeae, tendo como porta de entrada uma infecção sexualmente transmissível (IST). A tríade clínica típica é poliartrite, tenossinovite e lesões cutâneas. Ela pode evoluir em duas fases: a bacteriêmica, quando há quadro articular, febre e dermatite, com resolução espontânea entre 48 e 72 horas, e a fase de artrite supurativa, uma monoartrite de grandes articulações. Deve-se atentar aos diagnósticos diferenciais como artrite reativa, artrite reumatoide e infecções virais, além das causas de monoartrite, como a artrite séptica por outros germes ou induzida por cristais.

Objetivos

Apresentar a propedêutica à Artrite Gonoccócica, dentre os diagnósticos diferenciais para monoartrites.

Delineamento e Métodos

Relatar o caso de artrite gonocócica ocorrida no Complexo Hospitalar de Barbacena. As informações foram obtidas por avaliação de prontuário, análise de exames laboratoriais e revisão bibliográfica.

Resultados

Paciente, 21 anos, feminino, admitida no Pronto Atendimento (PA), com quadro de poliartralgia aditiva e migratória de forte intensidade, iniciada há 4 dias. Inicialmente em ombros, com migração para o punho esquerdo, dorso do pé, mãos, tornozelos e joelho direito, com evidente derrame articular. Ademais, surgimento de lesões violáceas bolhosas em mãos. Relata episódio de faringite três dias antes do início da artralgia. História prévia de lesão vaginal em 2020, feito tratamento. Iniciado Cetoprofeno e Prednisona em doses baixas, sem melhora significativa após 48 horas de terapia. À punção do líquido sinovial do joelho direito, foi visto 68.700 leucócitos, 2850 hemácias, 79% segmentados (padrão de artrite séptica), não sendo identificado germes na análise do líquido, associado à culturas negativas. Foi iniciado Ceftriaxone e Azitromicina com melhora dramática no segundo dia, sendo reduzido apenas a Prednisona. Complementada investigação com ecocardiograma, de resultado normal, hemoculturas negativas e hemograma com leucocitose e desvio à esquerda. Não foi realizado pesquisa de secreção endocervical e sorologias para gonorreia e clamídia. À alta, ausência de dor e algias.

Conclusões/Considerações Finais

A IGD é a causa mais comum de artrite séptica aguda em jovens sexualmente ativos. O diagnóstico embasa-se em contexto clínico e pode ser confirmado através de cultura do líquido sinovial ou análise citológica. O tratamento preconizado de primeira linha é Ceftriaxona e Azitromicina, com melhora clínica em 24 a 48 horas.

Palavras Chave

Artrite gonocócica; artrite séptica; Neisseria gonorrhoeae.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

FHEMIG - Minas Gerais - Brasil

Autores

RODRIGO MENDES DE FREITAS, VIRNA BOREM VALLE PEREIRA, VICTOR DA SILVA COELHO