Dados do Trabalho


Título

COLECISTITE ENFISEMATOSA INDUZIDA POR QUETAMINA

Fundamentação teórica/Introdução

A quetamina é um anestésico com múltiplas aplicabilidades na medicina, desde a sequência rápida de intubação até tratamento de transtorno depressivo. No entanto, nos últimos anos o medicamento tornou-se droga recreativa e de grande potencial de abuso. Além dos efeitos da intoxicação aguda, sabe-se dos danos subagudos e crônicos da quetamina para o trato urinário e sistema hepatobiliar.

Objetivos

Descrever quadro de colecistite enfisematosa induzida por quetamina e suas complicações em paciente dependente de quetamina.

Delineamento e Métodos

Relato de caso descritivo

Resultados

Paciente feminina de 23 anos, com história de hepatite medicamentosa por dependência de quetamina, procurou o pronto socorro por dor incapacitante em hipocôndrio direito e epigástrio, associada a vômitos pós prandiais que evoluiu com hemorragia digestiva alta na admissão. Relatou uso diário de doses ( não quantificada) quetamina há mais de 1 ano, com diversos internamentos prévios hepatite colestática e intoxicação pela droga. Submetida a colecistectomia videolaparoscópica, que identificou colecistite enfisematosa. Evoluiu com sepse de foco abdominal e necessidade de múltiplas reabordagens cirúrgicas por úlcera duodenal, necrose de leito hepático, abcesso intrabdominal, fístula duodenal e fístula de enterocutânea. Além das lesões de via biliar e gástrica, paciente também apresentou icterícia colestática por Drug Induced Liver Injury (DILI) e hematúria por cistite hemorrágica asséptica. Paciente teve alta hospitalar em uso de bolsa de karaya para coleta de débito de fístula.

Conclusões/Considerações Finais

Colecistite enfisematosa é uma forma rara de colecistite causada por microorganismos formadores de gás, de alta mortalidade, e que tem como fatores predisponentes a imunossupressão, diabetes, doença vascular periférica, trauma e cirurgia abdominal - fatores esses ausentes no caso da paciente. As lesões hepatobiliares induzidas por quetamina parecem se dever a isquemia e lesões funcionais em células musculares lisas, além da interferência de metabólitos da droga na solubilidade biliar. A colangite esclerosante e DILI são as lesões mais frequentes em decorrência do uso crônico e abusivo de quetamina, podendo ter como complicação a sepse e a cirrose biliar secundária. No entanto, a presença de colecistite enfisematosa sem quadro prévio de colecistopatia, alitiásica ou não, é pouco frequente e não há relato prévio de associação com uso de quetamina.

Palavras Chave

colecistite enfisematosa, quetamina, abuso de substâncias

Arquivos

Área

Clínica Médica

Autores

MARTHA BEATRIZ DE SOUZA TAVARES PASSOS, ISABELA PRESSE DONASAN, RENATA MARAVIESKI PAREJA, VALERIA PATRICIA VIEIRA DE SOUSA