Dados do Trabalho


Título

ACOMETIMENTO EXCLUSIVO DE SISTEMA NERVOSO CENTRAL POR CITOMEGALOVIRUS EM PACIENTE HIV/AIDS: RELATO DE CASO

Fundamentação teórica/Introdução

Em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), a infecção pelo citomegalovírus (CMV) pode se manifestar sobretudo com coriorretinite e acometimento gastrointestinal. Com o avanço da terapia antirretroviral (TARV), a infecção do sistema nervoso central tornou-se rara. Quando presente, gera ventriculoencefalite, lesões em massa, mielite ou poliradiculoneurite.

Objetivos

Relatar caso de paciente recém-diagnosticada com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e lesões cerebrais compatíveis com CMV.

Delineamento e Métodos

Trata-se de um relato de caso com dados obtidos em prontuário e entrevista com a paciente.

Resultados

Paciente feminina, 47 anos, diagnosticada recentemente com HIV, com contagem de linfócitos TCD4+ de 26 células/mm³. Há 5 meses, iniciou quadro de desorientação, redução da consciência e cefaleia, além de febre há 15 dias. Em ressonância nuclear magnética (RNM) do crânio, revelou lesão expansiva com edema vasogênico hipodensa em T1 e realce anelar em hipotálamo/paredes do 3º ventrículo. Optou-se por iniciar o tratamento para neurotoxoplasmose, neurossífilis, encefalite herpética e neurotuberculose, levando em consideração os níveis limítrofes de adenosina deaminase (ADA) no líquor. Após a alta, interrompeu tratamento para tuberculose, retornando à emergência após 4 meses com sonolência e persistência da desorientação. Realizou coleta de líquor, cujo resultado mostrou aspecto xantocrômico, aumento protéico, glicose e celularidade normais, com predomínio linfocítico (90%). A sorologia para toxoplasmose foi reagente (1/64); e os testes de reação de pandy-nonne e takata-ara, positivos. Uma nova RNM do crânio foi feita, revelando halo com restrição à difusão nas paredes dos átrios e cornos occipitais dos ventrículos laterais, com realce após o contraste, sugerindo ventriculite por CMV. Apesar de não ter encontrado alterações na fundoscopia e na endoscopia digestiva alta (EDA), iniciou-se tratamento com ganciclovir intravenoso (5 mg/kg/dia) durante 21 dias, juntamente com prednisona na dose de 20 mg/dia. Houve melhora neurológica e, após 8 semanas, a TARV foi reiniciada, com acompanhamento ambulatorial.

Conclusões/Considerações Finais

Embora raro, o CMV deve ser considerado como diagnóstico diferencial para lesões cerebrais em pacientes com AIDS. É crucial ressaltar a importância da realização de exames complementares adequados, como fundoscopia, neuroimagem e EDA, a fim de obter um diagnóstico preciso e iniciar tratamento o mais precoce possível.

Palavras Chave

Citomegalovírus; infecções oportunistas; lesão cerebral; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Autores

ALINA LAIS ALMEIDA DE FARIAS FERNANDES, LAÍS NÓBREGA VIEIRA, MARIA BEATRIZ RODRIGUES ESTEVES MOURA, THIERRY GURGEL FERNANDES DE GOIS, JORGE LUIZ CARVALHO FIGUEIREDO