Dados do Trabalho


Título

TRANSTORNO DELIRANTE INDUZIDO - FOLIE A DEUX: UM RELATO DE CASO

Fundamentação teórica/Introdução

Folie à deux é uma síndrome rara na qual o indivíduo considerado primariamente psicótico – indutor –, exerce influência sobre um ou mais indivíduos considerados secundários – induzidos – em relação à origem da psicose e ambos passam a compartilhar do mesmo delírio. A condição geralmente ocorre entre familiares, indivíduos que mantêm uma relação inusualmente íntima e em mulheres. Delírios persecutórios são mais encontrados, embora religiosos possam ocorrer.

Objetivos

Analisar e discutir acerca do transtorno delirante induzido.

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados

Mulher, 43 anos, divorciada, sem filhos, aposentada, mora com a mãe e irmã desde o falecimento do pai há 15 anos. Diagnóstico de F20 e F41, três internações psiquiátricas prévias, em uso de Clozapina, Ácido Valpróico, Fluoxetina e Clonazepam. Referiu relacionamento ruim com a irmã antes da morte do progenitor, no entanto, hoje, possuem uma relação simbiótica desde 2008 – dormem juntas, trocam as medicações entre si e fazem todas as atividades diárias juntas. No mesmo período, descreveu a ocorrência do primeiro delírio compartilhado: “Fui ver o jornal pela televisão, aí eu surtei no meu quarto e a minha irmã escutou. Tive a sensação de que a televisão estava falando comigo e os canais me filmando. Queriam que eu participasse de um Reality Show. Contei para a minha irmã e, com isso, ela ‘entrou em tudo’, via e ouvia o mesmo que eu. Sabíamos que não teria audiência quando fomos dormir, aí tapamos a televisão, câmera do celular, janelas e tiramos as lâmpadas. Tínhamos que fazer piadas e pegar frutas das árvores que pareciam órgãos genitais para eles rirem. Até dei um mergulho no chão. Nós sofremos por 4 dias com essa história.” Após, foram medicadas com Haloperidol e Alprazolam, apresentando melhora do episódio.

Conclusões/Considerações Finais

A CID-10 descreve que somente uma das pessoas envolvidas sofre de um transtorno psicótico genuíno, e que os demais possuem apenas delírios induzidos que desaparecem com a separação. A literatura sugere que a separação pode ser insuficiente para o tratamento ou ainda, pode agravar a condição, fazendo-se necessário acrescentar antipsicóticos, antidepressivos e estabilizadores de humor. A etiopatogenia envolve componentes ambientais e biológicos. Assim, o indivíduo induzido apresenta suscetibilidade para o desenvolvimento da psicose, sendo o isolamento social associado ao contato prolongado, o principal fator de risco.

Palavras Chave

Folie à deux; Transtorno psicótico induzido; Transtorno psicótico compartilhado.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

Fundação Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil, Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil, Universidade do Sul de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

JASMINE TRUPPEL SIMAS, ANA ALICE ARAÚJO RIBEIRO CÂNDIDO, LUIZ ROBERTO SUCH PIRES, GABRIELLE CRISTINA RAIMUNDO, DIOGO ALMEIDA CARNEIRO