Dados do Trabalho


Título

CLINICA MEDICA EM CONTEXTO INTERCULTURAL: INTEGRALIDADE E DIVERSIDADE NA ATENÇAO A SAUDE INDIGENA.

Fundamentação teórica/Introdução

A Clínica Médica tem natureza técnica, científica e objetiva. Sua base é a semiologia (na dimensão propedêutica) e a farmacologia (na dimensão terapêutica). Contudo, outros campos de saberes são necessários em contextos de diversidade cultural, como na atenção à saúde indígena. Quando um médico, com sua lógica técnico-científica (baseada em ciência) e um paciente indígena, com sua lógica de ancestralidades e tradições (baseada em crenças) se encontram, o exercício da clínica médica é dificultado. Nesse contexto, doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes tornam-se mais desafiadoras ao cuidado médico, tendo em vista as variáveis interculturais presentes.

Objetivos

1) Estimar prevalência de diabetes e hipertensão entre indígenas Kanela no Maranhão; 2) Estratificar o risco cardiovascular, manejo clínico e modelos explicativos de baixa adesão ao tratamento.

Delineamento e Métodos

Estudo de prevalência e pesquisa analítica sobre modelos explicativos para a baixa adesão ao tratamento médico. Foram examinados 128 indígenas que se apresentaram espontaneamente para consulta médica no Posto de saúde da aldeia, durante dois dias. Foi realizada aplicação de questionários e aferidas pressão arterial, glicemia capilar, circunferência abdominal e índice de massa corporal. Alguns profissionais de saúde (médico, enfermeiro e agentes de saúde indígena) foram submetidos a entrevistas sobre a percepção de adoecimento entre os indígenas, formas de tratamento, dificuldades de adesão e as perspectivas da assistência.

Resultados

Dos 128 indígenas examinados, 91 eram do sexo feminino (71%); 34 crianças, 9 adolescentes, 68 adultos e 17 idosos. 35 apresentaram glicemia acima de 126mg/dl, 28 acima de 140mg/dl e 14 acima de 200mg/dl. 40 apresentaram pressão arterial (PA) acima de 139x89; 27 apresentaram hipertensão estágio I, 9 apresentaram hipertensão estágio II; 4 apresentaram hipertensão estágio III. As entrevistas com os profissionais de saúde revelaram dois tipos de problemas: a) dificuldades de acesso aos serviços especializados na rede pública regional; b) qualificação da equipe que atua na aldeia, para uma atenção mais diferenciada e compatível com o contexto intercultural.

Conclusões/Considerações Finais

A prevalência de pré-diabetes e diabetes na amostra foi de 27% (n=35) e hipertensão foi de 31% (n=40), 21% dos pacientes com hipertensão estágio I (n=27), e 6% (n=8) de pacientes de alto risco. Considera-se ainda a necessidade de um modelo assistencial que leve em conta uma clínica centrada no indígena, mais colaborativa e menos prescritiva.

Palavras Chave

Saúde indígena. Diabetes. Hipertensão arterial.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Autores

ASSIRIA DE ARAUJO CHAVES CORREIA, GABRIEL PEREIRA DE SOUSA, ALESSANDRA MONTEIRO CAMAPUM, CRISTINA MARIA DOUAT LOYOLA, MARCOS ANTÔNIO BARBOSA PACHECO