Dados do Trabalho


Título

CROMOBLASTOMICOSE: UMA EPIDEMIA NEGLIGENCIADA

Fundamentação teórica/Introdução

Cromoblastomicose (CBM) é uma doença fúngica causada pela inoculação transcutânea de propágulos de diversas espécies de fungos melanizados, principalmente Fonsecaea pedrosi e Cladophialophora carrionni. É uma das dermatoses fúngicas profundas mais comuns e é endêmica em áreas tropicais e subtropicais, afetando especialmente trabalhadores rurais.
A infecção se desenvolve de forma lenta, contudo, evolui com grande morbidade devido à fibrose tecidual que pode gerar limitação de movimentos, infecção secundária e predisposição a malignidade na área afetada. O diagnóstico representa um desafio devido ao desconhecimento da doença e ao limitado acesso à propedêutica diagnóstica. O tratamento também apresenta dificuldade de acesso à medicação e de seguimento dos casos, pois, são necessários de 8 a 36 meses de tratamento para as formas graves da doença.
Madagascar é o país com maior número de casos relatados de CBM no mundo. O diagnóstico da CBM é confirmado pela detecção via microscopia de células fúngicas em preparação de hidróxido de potássio ou biópsia de pele. O tratamento para os casos leves, menores de 5 cm, é cirúrgico com exérese total da lesão. No entanto, casos moderados a graves necessitam de tratamento sistêmico com antifúngicos como Itraconazol ou Terbinafina.

Objetivos

Principal: Obter dados sócio-demográficos dos pacientes portadores de Cromoblastomicose atendidos pela clínica da FSF.
Secundários: Gerar visibilidade para essa patologia. Estimar o tempo de evolução da doença.

Delineamento e Métodos

Estudo Observacional Retrospectivo. Dados foram obtidos dos prontuários da clínica FSF. Os diagnósticos foram realizados de forma presuntiva, devido ao fato de não haver recursos locais para o diagnóstico definitivo.

Resultados

Atualmente 98 doentes estão à espera de medicação, com idade média de 44 anos (12 a 65 anos), 33% mulheres e 67% homens. Dos casos observados são 55% graves, 23% moderados e 29% leves.
Apenas 64 apresentaram dados relevantes quanto ao tempo de evolução, o tempo médio de evolução foi de 9,3 anos (variando de 3 meses a 48 anos). Ao menos 5 anos de doença foram necessários para progressão para forma grave.

Conclusões/Considerações Finais

Observamos que é uma doença mais prevalente em homens, com alta variação na idade dos pacientes, mais da metade apresenta formas graves da doença. A baixa disponibilidade do diagnóstico e tratamento adequado na região é responsável pelo grande número de casos graves, bem como pelo longo tempo de evolução visto.

Palavras Chave

Cromoblastomicose, Doença Negligenciada

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

Fraternidade Sem Fronteiras - - Madagascar, IMEPAC - Minas Gerais - Brasil

Autores

NATAN SANTOS FERNANDES, HIGOR RODRIGUES MACHADO