Dados do Trabalho


Título

LINFADENITE CERVICAL POR MYCOBACTERIUM FORTUITUM EM PACIENTE IMUNOSUPRESSO - RELATO DE CASO.

Fundamentação teórica/Introdução

Mycobacterium fortuitum é um micobactéria oportunista não tuberculosa de crescimento rápido, globalmente difundida na natureza e associada principalmente a infecções cutâneas e de tecidos moles. A contaminação geralmente ocorre por traumas de pele ou mucosas e ainda não há consenso sobre o tratamento efetivo do patógeno, dada a notável resistência antimicrobiana.

Objetivos

Descrever um caso de linfadenite por Mycobacterium fortuitum em paciente portador de HIV não tratado.

Delineamento e Métodos

Trata-se de um relato de caso, realizado a partir da anamnese, exame físico, exames complementares e revisão literária do tema.

Resultados

Masculino, 30 anos, com diagnóstico de HIV há 3 anos, sem uso de terapia antirretroviral, sem outras comorbidades. Procurou atendimento em hospital pronto socorro por abaulamento e hiperemia em região cervical direita, associada à febre aferida, surgido há 3 semanas. Ao exame físico, apresentava nodulação de aproximadamente 5 cm, dolorosa a palpação, não aderida, sem outros linfonodos palpáveis. Negava história de lesões de pele ou procedimentos cirúrgicos prévios. Foi realizada tomografia cervical que identificou duas lesões heterogêneas com centro hipodenso e realce periférico ao contraste, com efeito de massa comprimindo veia jugular interna direita. Transferido à hospital referência por suspeita inicial de Tuberculose Ganglionar versus Linfoma. À admissão foram solicitados diversos laboratoriais e novas tomografias (TC), além de avaliação da equipe de cirurgia de cabeça e pescoço. Apresentou carga viral HIV 632.000 com CD4% 0.5, provas de atividade inflamatória alteradas, hemoculturas negativas, nova TC cervical evidenciou linfonodomegalia com necrose sugerindo adenopatia secundária à tuberculose. Realizada punção (PAAF) da lesão com radiointervenção, que apresentou à bacterioscopia crescimento de bacilo gram positivo sugestivo de Nocardia, PCR Mycobacterium tuberculosis negativo e BAAR positivo. Iniciado então tratamento com beta lactâmico até diagnóstico cultural definitivo de Mycobacterium fortuitum.

Conclusões/Considerações Finais

Após diagnóstico definitivo, Infectologista orientou tratamento antimicrobiano com associação de tripla classe por um ano. Nas primeiras semanas, paciente evoluiu com redução significativa da linfonodomegalia e alívio importante dos sintomas. Sabe-se que a instauração do tratamento efetivo direcionado só foi possível através do isolamento da micobactéria, entretanto, a escassez de relatos associada a epidemiologia pouco conhecida, leva ao subdiagnóstico deste bacilo.

Palavras Chave

Imunossupressão
Linfadenite cervical
Mycobacterium fortuitum

Arquivos

Área

Clínica Médica

Autores

DEBORA DE SOUZA BARRETO, THAISA CARPOLINGUA LOPES, JULIO CEZAR GONÇALVES CORDEIRO DOS SANTOS