Dados do Trabalho

Título

ENTERITE MESENTERICA EVOLUINDO COM PERFURAÇAO INTESTINAL COMO COMPLICAÇAO DE LUPUS ERITEMATOSO TARDIO EM HOMEM NEGRO.

Fundamentação teórica/Introdução

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) tem predomínio no sexo feminino e o envolvimento tardio está relacionado à doença mais branda. A enterite lúpica é uma complicação rara, com alta taxa de mortalidade se não tratada precocemente.

Objetivos

Ressaltar a importância do diagnóstico e tratamento precoce em paciente com LES tardio apresentando enterite lúpica.

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados

Masculino, 50 anos, negro, hipertenso, tabagista e etilista. Iniciou quadro de edema de membros inferiores progredindo para face, hipertensão arterial de difícil controle e hematúria. Investigação inicial com creatinina 2,7, ureia 131, albumina 1,8, proteinúria maciça, hemoglobina 7,3, haptoglobina diminuída, sorologias negativas, coombs direto positivo, consumo de complementos, fator anti núcleo 1:80 padrão membrana nuclear, evidenciando diagnóstico de LES com nefrite lúpica. Evoluiu com necessidade de terapia de substituição renal e pulso de corticoterapia. Apresentou dor e distensão abdominal intensas, vômitos e diarréia, com tomografia de abdome inicial apresentando edema da parede intestinal, realce peritoneal e líquido livre intra-abdominal, sendo os achados associados à enterite lúpica, iniciado tratamento conservador. Sem respostas às medidas, evoluiu com febre, irritação peritoneal e pneumoperitônio em radiografia, indicado laparotomia exploradora de urgência, visualizando área de necrose com múltiplos abscessos em cavidade, secundária à isquemia mesentérica. Realizado enterectomia segmentar de 15 cm, drenagem dos abscessos e peritoniostomia com bolsa de bogotá. Apresentou instabilidade hemodinâmica e necessidade de cuidados em unidade de terapia intensiva. Após 95 dias de internação, recebe alta com corticoterapia, eritropoietina e acompanhamento ambulatorial.

Conclusões/Considerações Finais

O LES tem etiologia multifatorial e predomina no sexo feminino. A forma tardia, após os 50 anos, está presente em até 20% dos pacientes e é mais comum em indivíduos caucasianos. O sexo masculino relaciona-se à maior gravidade e pior prognóstico, com maior acometimento renal. A nefropatia eleva a morbimortalidade, visto ser a causa mais frequente do uso de altas doses de corticoides e imunossupressores. A dor abdominal pode estar presente em 40% dos casos, todavia, a enterite lúpica é rara, presente em 1 a 2%. A isquemia mesentérica é a principal complicação, evoluindo para perfuração intestinal, com mortalidade elevada.

Palavras Chave

lúpus, enterite, nefrite, pneumoperitônio

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Área

Clínica Médica