Dados do Trabalho


Título

GLOMERULOPATIA MEMBRANOPROLIFERATIVA POR SCHISTOSOMA MANSONI: RELATO DE CASO

Fundamentação teórica/Introdução

A glomerulopatia membranoproliferativa (GNMP) representa cerca de 7% dos diagnósticos de glomerulonefrite. A infecção pelo Schistosoma mansoni é uma causa grave da doença, podendo ou não estar relacionada à hepatopatia pelo S. mansoni. O acometimento renal, quando não associado à doença hepática, torna o desafio diagnóstico ainda mais difícil. A presença de áreas endêmicas de esquistossomose em território nacional gera a necessidade de investigação da doença nos diagnósticos diferenciais das glomerulopatias.

Objetivos

Apresentar uma causa incomum de glomerulopatia. Apontar a importância da esquistossomose no diagnóstico diferencial das glomerulonefrites.

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados

Trata-se de um paciente masculino, 53 anos, hipertenso, tabagista e portador de doença arterial coronariana, atendido com relato de dispneia, anorexia, febre não termometrada e calafrios iniciados há 15 dias. Ao exame físico, anasarca e hipertensão arterial, refratárias à diuréticoterapia. Iniciado investigação para possíveis complicações secundárias à doença cardíaca ou renal. Em propedêutica investigativa, proteinúria nefrótica, no valor de 10 gramas/2500 mL. Biópsia renal realizada durante internação, achados compatíveis com glomerulonefrite membranoproliferativa com depósito de C3 e IgM. Foram descartados causas primárias e secundárias, como GNMP por crioglobulinas, doenças infecciosas ou lupus eritematoso sistêmico. Teste de imunofluorescência reagente para S. mansoni. Parasitológico inconclusivo e coprocultura negativa em vigência de gastroenterite, tratada com praziquantel. Paciente evoluiu com necessidade terapia de substituição renal devido hipervolemia refratária. Optado pelo tratamento visando redução da proteinúria e profilaxia anti-trombogênica. Após dois meses do início do tratamento, paciente com boa evolução, novos exames com melhora da proteinúria e recuperação renal.

Conclusões/Considerações Finais

Endêmico em regiões do Brasil, o acometimento renal uma complicação pouco comum da esquistossomose. A GNMP se manifesta pela síndrome nefrótica, hipertensão de difícil controle e injúria renal. Teste sorológico não diferencia acometimento agudo ou crônico, o diagnóstico de doença ativa é mais provável quando a pesquisa de ovos do parasita nas fezes se encontram positivas ou as proteínas do Schistosoma (CAA ou CCS) presentes. O tratamento com medidas de redução da proteinúria e antitrombóticas, diminuem a progressão da doença. Tratamento com antiparasitários contra S. mansoni não evidenciam melhora do prognóstico renal.

Palavras Chave

Glomerulonefrite membranoproliferativa; Nefropatia esquistossomótica; Glomerulopatia; Esquistossomose; Schistosoma mansoni.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Julia Kubitschek - Minas Gerais - Brasil, Hospital Universitário Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil

Autores

THIAGO SOUZA GUIMARAES, PEDRO LUCAS COSTA, ANDRÉ ALEXANDRE BOTEGA, MARIA GABRIELLA BORGES PEREIRA, BRUNO MARQUES PELOSO