Dados do Trabalho


Título

ESOFAGO NEGRO EM PACIENTE DO SEXO FEMININO: RELATO DE CASO.

Fundamentação teórica/Introdução

O esôfago negro (EN) é definido por aspecto esofágico enegrecido à endoscopia digestiva alta (EDA), sendo uma doença rara, presente em pacientes gravemente comprometidos e com alta morbimortalidade.

Objetivos

Constatar o conhecimento e a compreensão da doença, bem como a importância da associação do EN em pacientes graves submetidos à EDA por sangramento gastrointestinal.

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados

Feminina, 85 anos, acamada, com história pregressa de doença renal crônica por rins policísticos. Apresentou hematêmese de pequeno volume associado à queda do estado geral, inapetência e anorexia. Ao exame físico, dor abdominal difusa à palpação, sem sinais de peritonite. Realizada reposição volêmica, uso de inibidor de bomba de próton (IBP) e dieta zero. Solicitado EDA que evidenciou mucosa esofágica enegrecida, friabilidade, sangramento em porejamento difuso em terço distal, com mudança abrupta para mucosa gástrica de aspecto normal, diagnosticando EN. Paciente previamente em cuidados paliativos, mantidas medidas de suporte. Evoluiu com choque hipovolêmico e parada cardiorrespiratória 24 horas após o diagnóstico.

Conclusões/Considerações Finais

O EN, conhecido também como esofagite necrotizante, é uma doença rara, prevalente apenas em 0,2% dos pacientes submetidos à EDA. Acomete 4 vezes mais o sexo masculino e prevalece após os 60 anos. Ocorre principalmente em pacientes com estado nutricional acometido e tem associação com insuficiência renal, diabetes e neoplasias. A etiologia não é bem definida, mas isquemia ou hipofluxo, infecções e obstrução da saída gástrica podem ser eventos desencadeantes. Em 90% dos casos, o quadro clínico se baseia em hematêmese e melena. São indicadores de maior mortalidade a queda de hemoglobina e hipoalbuminemia. O diagnóstico é baseado na aparência endoscópica, com a mucosa esofágica enegrecida, principalmente na porção distal. A biópsia pode ser realizada, mas não é essencial para o diagnóstico. Os estudos referentes ao tratamento ainda são escassos, sendo indicadas medidas de suporte, com expansão volêmica e tratamento das doenças de base, além do uso de IBP e dieta zero para impedir a progressão da lesão. Conclui-se que o EN é uma doença rara, com taxa de mortalidade em até 32% dos casos, devendo sempre ser lembrada em pacientes gravemente comprometidos, submetidos à EDA, com quadro de hemorragia digestiva.

Palavras Chave

esôfago negro, hemorragia digestiva, endoscopia digestiva alta, doença renal

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Governador Celso Ramos - Santa Catarina - Brasil

Autores

SARAH LYANE VENZON, MONICA MONTE PAIN, GABRIELA SMARCZEWSKI COSTANZO, DANIELA CERQUEIRA CAMPOS VIEIRA, JÚLIA DE CARVALHO TIEZZI