Dados do Trabalho


Título

MICROANGIOPATIA TROMBOTICA SECUNDARIA A ACIDENTE BOTHROPICO: UM RELATO DE CASO

Fundamentação teórica/Introdução

A maior parte dos envenenamentos por serpentes no Brasil é causada pelo gênero Bothrops. No ano de 2022, foram notificados 19044 acidentes bothrópicos em território nacional, dos quais 82 (0,43%) evoluíram à óbito.

Objetivos

Descrição de caso de acidente bothrópico evoluindo com microangiopatia trombótica, complicação incomum na prática clínica, encontrada na literatura apenas em poucos relatos de caso.

Delineamento e Métodos

Relato de caso, cujas informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário e entrevista com a paciente, a qual assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Resultados

Paciente feminina, 56 anos, negra, casada, natural de Olímpia-SP e procedente de Mendonça-SP, previamente hipertensa e ex-tabagista, transferida à Emergência em 11/06/2022 com história de acidente bothrópico no mesmo dia, em região lateral de membro inferior direito, evoluindo com dor de forte intensidade e edema local, além de 01 episódio de vômito. Diagnosticada com acidente bothrópico moderado, sendo realizadas 06 ampolas de soro anti-bothrópico.
Após melhora clínica, paciente foi internada em enfermaria, porém evoluiu nos dias seguintes com injúria renal aguda (IRA) KDIGO 3, febre, vômitos em jato, edema palpebral, sonolência e sangramento ativo cutâneo e urinário. Evidenciada anemia hemolítica microangiopática com hiperbilirrubinemia, desidrogenase lática elevada e presença de esquizócitos em lâmina de sangue periférico, além de plaquetopenia progressiva, configurando quadro de microangiopatia trombótica, provável causa da IRA da paciente.
Realizada transfusão de 08 concentrados de plaquetas, indicada hemodiálise de urgência e transferida à UTI em 15/06/22, onde foram realizadas ao todo 06 sessões de diálise. Evolui com melhora clínica, da função renal e do débito urinário, retornando à enfermaria em 19/06/22, recebendo alta hospitalar em 30/06/22 com melhora clínica e laboratorial.

Conclusões/Considerações Finais

O veneno da Bothrops jararaca apresenta metaloproteinases, proteinases e botrocetina, que geram distúrbios na coagulação e fenômenos hemorrágicos. Em série de 3139 casos de acidentes bothrópicos, apenas 386 apresentaram hemorragias e 23 (0,7%) evoluíram para diálise, o que mostra a baixa frequência destes desfechos em nossa população, sendo necessário o conhecimento destas complicações para correto diagnóstico e intervenção precoces.

Palavras Chave

Bothrops; microangiopatia trombótica; jararaca

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP - São Paulo - Brasil

Autores

AUGUSTO ALVES PAVAM, GABRIEL BIANCHI DA SILVA, MATHEUS GOMES GIACOMINI