Dados do Trabalho


Título

ENDOCARDITE INFECCIOSA MIMETIZANDO VASCULITE PULMONAR NECROTIZANTE

Fundamentação teórica/Introdução

A endocardite infecciosa (EI) é uma enfermidade com alta letalidade, em torno de 20 a 30%. Na maioria dos casos os óbitos ocorrem devido a mudanças no espectro clínico. Assim, é importante seu diagnóstico precoce e avaliação das formas atípicas da doença. Apesar de seus fundamentos diagnósticos serem bem definidos através dos critérios de Duke, deve-se investigar esta patologia diante de manifestações não usuais.

Objetivos

Relatar um caso de EI de evolução arrastada e com manifestações atípicas, simulando vasculite pulmonar de pequenos vasos.

Delineamento e Métodos

Relato de caso desenvolvido a partir de informações obtidas em revisão de prontuário, entrevista com paciente, registros de exames complementares e revisão de literatura.

Resultados

Homem, 34 anos, ex-presidiário, apresentando-se com febre de origem indeterminada, astenia, perda de peso e tosse com escarro hemoptoico de evolução crônica há um ano. Inicialmente investigado junto à pneumologia que aventou hipótese de tuberculose, considerando-se a história clínica e epidemiológica, que não se confirmou pelo estudo do lavado broncoalveolar. Da mesma forma,
afastou-se infecções fúngicas e HIV. Tomografias seriadas de tórax revelaram infiltrado inflamatório migratório e heterogêneo, com presença de nódulos, sendo considerado a possibilidade de vasculite, que foi confirmada por biópsia pulmonar. No entanto,
apresentava marcadores imunológicos negativos, como anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos, além de anemia e persistente elevação de provas de atividade inflamatória. O paciente evoluiu com hemorragia retiniana e piora do estado geral, quando foi indicado terapia imunossupressora para vasculites necrotizantes. Porém, o ecocardiograma revelou vegetação em valva aórtica de 2,4 cm e comunicação interventricular, justificando os achados pulmonares. Colhidas hemoculturas, que se mostraram negativas. Iniciado antibioticoterapia com ampicilina-sulbactam, vancomicina e ceftriaxone e submetido à cirurgia de troca valvar pelo risco de embolização. Durante a internação, apresentou aneurisma micótico em artéria ulnar esquerda corrigido cirurgicamente. A evolução foi satisfatória e, atualmente, encontra-se assintomático.

Conclusões/Considerações Finais

A EI é uma doença que pode se apresentar com fenótipos heterogêneos e atípicos. Por ser uma condição potencialmente muito grave, faz-se necessário considerar e reconhecer tal entidade em situações clínicas de difícil elucidação.

Palavras Chave

Endocardite, vasculite e febre de causa desconhecida

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Publico de Macaé - Rio de Janeiro - Brasil, Hospital Unimed Costa do Sol - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LETICIA AYD BITTENCOURT, GABRIEL LISBOA PEREIRA, PAULO HENRIQUE PIRES DA LUZ, DATERSON DA SILVA GUTIERREZ, FLAVIO RIBEIRO PEREIRA