Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: SÍNDROME COLESTÁTICA SECUNDÁRIA AO USO DE CAPTOPRIL.

Fundamentação teórica/Introdução

O captopril é um anti-hipertensivo que inibe a enzima conversora de angiotensina I (IECA), sendo principalmente indicado no tratamento de hipertensão e insuficiência cardíaca. Como todo fármaco, pode apresentar efeitos adversos indesejados, sendo as manifestações gastrointestinais presentes em cerca de 2 a 4% dos casos.

Objetivos

Descrever uma paciente com raro caso de síndrome colestática secundária ao uso de captopril.

Delineamento e Métodos

Trata-se de um relato de caso.

Resultados

M.S.L., feminina, 36 anos, obesa, admitida em maio de 2021 em um hospital terciário em uma cidade do interior do Rio de Janeiro com quadro há 3 dias de icterícia, acolia fecal, colúria e dor abdominal bem localizada em hipocôndrio direito. Negava prurido, febre, vômitos ou viagens recentes. Relatou uso de dois comprimidos de captopril 24 horas antes do início dos sintomas devido à crise hipertensiva. Ao exame, estava lúcida, orientada, corada, hidratada e ictérica 2+/4+. Pressão arterial de 136x80 mmHg, frequência cardíaca de 88 batimentos por minuto e saturação de oxigênio de 98% em ar ambiente . Ausculta cardíaca com ritmo regular em dois tempos, bulhas normofonéticas. Pulmões limpos. Abdome globoso, flácido, peristáltico, indolor a palpação superficial, doloroso a palpação profunda em região de hipocôndrio direito, sem sinais de irritação peritoneal. Exames laboratoriais revelando hiperbilirrubinemia (6,5mg/dL) as custas de bilirrubina direta (5,9 mg/dL), fosfatase alcalina (840 U/L) e gama glutamil transferase (920 U/L) elevados, glutamato-piruvato transaminase (670 U/L) e glutamato-oxaloacetato transaminase (846 U/L) alterados. Amilase e lipase normais. Sorologias de vírus da imunodeficiência humana, hepatites virais, sífilis, Epstein Barr, rubéola e citomegalovírus negativos. Ultrassonografia de abdome e endoscopia digestiva alta sem alterações relevantes. Colangiorresonância demonstrando vesícula biliar de paredes finas, normodistendida, sem dilatação de vias biliares intra-hepáticas. Hepatocolédoco de calibre normal e trajeto preservado, sem cálculos ou falhas de enchimento endoluminais. Pâncreas de tamanho e intensidade de sinal normal. Houve queda progressiva dos marcadores de colestase e melhora do aspecto de icterícia. Recebeu alta hospitalar após 4 dias de internação.

Conclusões/Considerações Finais

Apesar de raras, as alterações gastrointestinais (sobretudo a colestase) secundárias ao uso de captopril devem ser aventadas pelo médico assistente, após exclusão de causas mais frequentes, para um correto manejo e terapêutica dos pacientes.

Palavras Chave

Síndrome colestática; Captopril.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Instituições

HOSPITAL SAMER - Rio de Janeiro - Brasil, UNILAGO - São Paulo - Brasil

Autores

ISABELA MARTINS ARAUJO, OCTÁVIO DRUMMOND GUINA, ISADORA DOS SANTOS TEIXEIRA, DANIELA XAVIER ACCORSI, BARBARA CARDOSO SILVA